............................Apareceram antes do Natal, misturados com mais 100 campanhas de solidariedade e ajuda, dessas que, todos os natais, tentam convencer cada um de nós a abrir os cordões à bolsa e entrar no bem-aventurado mundo da irmandade universal, seja comprando um relógio pop para fazer a casa onde irão medrar uns putos refugiados, seja fazendo um donativo para o Figo ajudar o Ronaldo a ajudar o banco dele a dar 50 cêntimos em troca de uma nova conta-ordenado, por aí fora!
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Mas estes chamaram-me a atenção.
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Habitavam (e habitam ainda) as paragens de autocarro, cabeças enormes de miúdos brancos, nada de pretinhos esfaimados e cobertos de moscas, extraordinariamente infelizes, o olhar imenso a dizer de toda uma curta mas intensa vida de abandono e de sevícias morais e físicas, de que se vêem ainda as enormes mordaças brancas, a impedir o grito aflito que soltariam se as cruéis mordaças não os mantivessem no abjecto silêncio de campo de concentração a que os sequestradores as condenaram.
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São as crianças da Fundação EDP!
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O espanto maior era que os tiranos torcionários nos diziam que as suas crianças eram felizes!
Aquela mordaça aviltante que tapa o grito da boca mas não consegue calar o grito dos olhos, era afinal a luz que "ilumina", a luz que a EDP, esforçada e heroicamente, há tantos anos fabrica para nos vender a preços módicos.
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Esta campanha foi um virar de página na minha vida: agora, sempre que a noite cai e, com ela, o terrível momento de accionar o interruptor, imagino estar a ser cúmplice do crime horrendo que se abaterá sobre mais uma das crianças seviciadas e amordaçadas nas paragens da Carris, da Fundação EDP.
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