Uma greve geral, instrumento final de insurreição de povos oprimidos contra ditaduras, é em Democracia, uma aberração que, não apresentando nenhum dos pressupostos e objectivos da greve laboral constitucionalmente prevista e direito sagrado de quem trabalha, apenas serve como forma de "manifestação compulsiva", o modo como os dois partidos que representam 13% dos portugueses, através da seu anti-democrático controlo dos sindicatos dos transportes públicos, obrigam os outros 87% de portugueses a enfileirar numa “manifestação” a que nunca iriam, como demonstraram ainda há 5 meses, ao escolherem esta via em que estamos e não a via dos tais 13%.
As escolhas feitas em Democracia, sagradas para quem teve a sorte de ter tido uma formação democrática séria e serena, parecem não beliscar sequer a raiva dos "democratas-novas-oportunidades" ou “democratas-directos” em que a maioria se formou no tempo do PREC.
Quando um democrata não gosta da escolha que o povo fez, tem o direito (e o dever perante a sua consciência) de manifestar o seu desacordo em voz tão alta quanto puder e lutar com as armas democráticas, que são a manifestação, a argumentação e persuação, para inverter os próximos resultados democraticamente sérios, os das urnas.
E não, não temos o direito de fazer, em Democracia, uma greve geral!
Apesar de ter a boca sempre cheia de chavões democráticos, a esquerda portuguesa, nomeadamente os partidos “profissionais” de oposição, têm demonstrado desde os tempos em que foram sacudidos do assalto a Portugal, nos tempos do PREC, uma preocupante falta de cultura democrática, bem documentada sempre que, após receberem nas urnas o aval de menos de 8 em cada 100 portugueses, arranjam um ajuntamento de 50.000 nas ruas ou numa festa para então poderem gritar bem alto: “Assim se vê, a força do PC!”, que 50 mil parece tanta gente, não é?
Quase que enchiam um estádio para um Benfica – Porto!
Claro que não se pode esperar mais cultura democrática de um país que ainda há pouco tinha na sua Constituição a indicação do que devia ser o sentido de voto dos portugueses…
É talvez a maldição do Sul: entre a elevação civilizacional e cidadania dos irlandeses e o caos irresponsável dos gregos, escolhemos o “modelo” grego e seja o que Zeus quiser!
Alguém há-de pagar um dia os 300 milhões de euros que Portugal, hoje, deitou pela borda fora (gente rica é outra coisa!).
Paz à nossa alma, que com democratas assim mais nada deve sobrar!