quarta-feira, 15 de julho de 2009

Racismo afinal 1

O racismo mais boçal e conhecido, o que baseia a sua argumentação em questões físicas como a cor da pele, é um fenómeno recente em termos históricos, coincidindo o seu aparecimento, grosso modo, com a vitória das teorias abolicionistas no Sec. XIX.
De facto, até esta altura e desde a antiguidade, as diferenças eram de condição e estabeleciam a discriminação entre grupos de acordo com critérios não-rácicos: nobreza/povo, livre/escravo, fiel/infiel, rico/pobre.

Só em 1854, com Gobineau, e depois em 1899 com Chamberlain, se teorizou finalmente a questão da superioridade da raça ariana sobre todas as ditas inferiores e degeneradas. Estas teorias, desenvolvidas na prática por Adolf Hitler e outros teóricos da superioridade da raça germânica, deram origem, além da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto a regimes como o do apartheid Sul-Africano, vergonha que haveria de manter-se até 1994.

Hoje, se é verdade que, em quase todos os países civilizados existe legislação anti-racista apertada, não é menos verdade que a prática continua a ser de uma vergonhosa discriminação no que respeita a oportunidades de acesso a educação, habitação, emprego, etc. e a uma guetização das minorias em desolados bairros periféricos, “barris de pólvora” que, mais tarde ou mais cedo, explodirão na cara de quem os formou.

Quanto a nós, brancos, civilizados e profundamente anti-racistas, vamos dormindo calmamente após as últimas notícias das escaramuças nos bairros “problemáticos”, afinal contentes quando a ASAE, que intimamente detestamos, descobre umas baratas na cozinha de um restaurante chinês ou apreende umas Lacostes contrafeitas numa feira de ciganos.
Antes, numa voltinha pela Net, recebemos e reenviámos aos nossos contactos, algum “aviso” chocante como este, que quase toda a gente recebeu, o dos ratos que seriam servidos nos restaurantes chineses, como frango!

É que, agora, já não se pode gritar um qualquer “morte à escumalha amarela”, até dá prisão! Não, agora o racismo ataca suave, com um sorriso, insidioso, buscando o que em cada um de nós há de mais primário, despertando emoções e preconceito.

No Sudoeste Asiático, os ratos do campo fazem parte da dieta de todos os dias, sendo até considerados iguaria.

Com fotos retiradas de um site de promoção turística tailandesa e uma legendagem habilidosa, faz-se um ataque subliminar à comunidade chinesa em Portugal, contando com a credulidade de quem o vê e, chocado, o difunde.


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Luís Pontes

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