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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Racismo afinal 3


Segundo o Comando Metropolitano da PSP, "um homem ao volante de um Seat Toledo despistou-se e embateu numa paragem de autocarro localizada no cruzamento da Rua Raul Rego com a Rua João Amaral, tendo abandonado aí o veículo e fugido a pé".

"O embate causou a morte de um homem de 40 anos e ferimentos, que aparentavam ser ligeiros, numa mulher de 50 anos e numa criança com cerca de sete a oito anos", acrescentaram as autoridades.
Pelas descrições facultadas por pessoas que se encontravam no local, a PSP julga saber quem conduzia a viatura no momento do acidente, incidindo as suspeitas num indivíduo já com cadastro.

Lusa

Foi a partir desta notícia da Lusa que abriu o Jornal da Noite da Sic, de hoje.

Poder-se-ia questionar a oportunidade jornalística de abrir um jornal de âmbito nacional com este tipo de notícia, triste, mas decididamente "acanhada" demais para notícia top deste 22 de Dezembro aqui no torrão, mas não vou por aí, até nem sou jornalista...

Para Miguel Guerreiro, o jornalista tristonho que, no local do acidente, fingia estar a fazer um "directo", ridículo, ofegante e em cima do acontecimento, outra notícia havia a dar e repetir: O atropelador, além de ter fugido a pé, era de raça cigana!
Na curta peça a expressão "raça cigana" foi repetida 4 vezes 4 , uma total irrelevância, sem utilidade para a eficácia informativa da notícia , bem como uns laivos de associação de um simples acidente de viação a conflitos étnicos e que, assim, só pode ser encarada como um comentário racista, intencional e inconfessável.
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Assim vão as coisas na república das bananas!

Nota:

Tendo confrontado a SIC com uma reclamação escrita, recebi hoje, 23 de Dezembro uma resposta de que transcrevo o trecho mais significativo:

"A SIC e os seus jornalistas pautam por seguir rigorosos princípios éticos de jornalismo, não se revendo nas acusações de incitamento ao racismo e discriminação... "

Bruno Costa - Assistente de Relações Públicas

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RACISMOS NOVOS, RACISMOS VELHOS

..................................................................................... Aqui me encontro e confundo
......................................................................................com gente de todo o mundo
......................................................................................que a todo o mundo pertence.

......................................................................................António Gedeão, “Minha Aldeia”

Ser racista é presumir que um povo, grupo ou indivíduo sejam inferiores por razões naturais e independentes da sua vontade.

De uma maneira mais exigente mas decorrente da afirmação anterior, pode afirmar-se como racista qualquer generalização que defina ou caracterize alguém através de um ou mais atributos pertencentes a um grupo. Racismo é, assim, dizer-se que "trabalho é bom pró preto" ou que alguém é "um cigano nos negócios"!

Primeiras concepções racistas

O racismo é um conceito tardio na cultura ocidental.
Durante a Antiguidade Clássica e depois na Idade Média, admitia-se que todos os homens podiam ser livres ou escravos, não estando no entanto essa condição inscrita na sua natureza.

As primeiras concepções racistas modernas surgem em Espanha, em meados do sec. XV, à volta das questões judaica e muçulmana.
Até essa altura os teólogos católicos limitavam-se a exigir a judeus e muçulmanos a conversão ao cristianismo como condição para serem tolerados.
Contudo, rapidamente passou a ser colocada a questão da “limpieza de sangre” (limpeza do sangue), que defendia que a verdadeira conversão não passava apenas pela limpeza da alma e que o sangue, uma vez infectado por uma religião impura, ficava infectado para sempre.
Ou seja, a raça era determinada pela religião e vice-versa.
No século XVI esta concepção estende-se também a Índios e Negros.

O Racismo contemporâneo

As teorias racistas contemporâneas, surgem no sec. XVIII, com a tentativa de justificação cientifica da supremacia da raça branca europeia sobre todas as outras, e conhecem um enorme desenvolvimento no sec.XIX e princípios do sec.XX, com a formulação das teorias de Gobineau e Chamberlain que levariam o Mundo a conhecer todo o horror da sua aplicação prática pela Alemanha nazi , com o extermínio e escravização das raças “inferiores” ( judeus, árabes, negros, ciganos) e ainda dos “degenerados” ( homossexuais, deficientes, etc.).

Após a II Guerra Mundial, a comunidade científica foi chamada a pronunciar-se sobre o tema das diferenças rácicas e fê-lo, formalmente, por três vezes, à medida que progrediam os conhecimentos da Antropologia, Biologia e Genética.

Na última destas convenções, a de 1965, foi finalmente declarado que “ as doutrinas da superioridade fundada nas diferenças entre as raças são cientificamente falsas, moralmente condenáveis e socialmente injustas e perigosas, nada podendo justificar, onde quer que seja, a discriminação racial, nem em teoria nem na prática”.

Os novos racismos

Decorrido meio século sobre estas declarações, quando as investigações sobre o ADN humano provam agora à evidência que as diferenças entre seres humanos são tão diminutas que não pode mesmo sequer falar-se em raças, persiste o desencontro entre os posicionamentos científicos e o senso comum.
O racismo à nossa volta

Na última década foram efectuados dois importantes inquéritos, um pelo jornal Público e outro pelo Expresso. Os resultados foram algo curiosos e também preocupantes: 43% dos portugueses consideram que as atitudes racistas são muito comuns; 18% dos inquiridos brancos achavam que os negros eram “intelectualmente menos dotados”; 21% não dariam um cargo de responsabilidade a um negro e quase 60% declarou que se oporia a que uma filha se casasse com um cigano.

A uma aparente melhoria de atitude pessoal em relação ao racismo de “cor da pele” vêm agora juntar-se uma nova e infindável série de “racismos” de índole cultural, nacional e até de nível económico. Cercam-nos e aliciam-nos por todos os lados, corroendo as nossas defesas ao apresentarem-se com roupagens politicamente correctas e liberais.
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Apetece reler um pouco da mensagem do Cardeal R. Etchegarray, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, na sessão preparatória da Conferência Mundial Sobre o Racismo, em Genéve, Agosto de 2001:
“O racismo constitui uma chaga que permanece misteriosamente aberta no flanco da Humanidade. Diante da sua propagação e da sua banalização, o anti-racismo do passado parece ser pouco adequado no presente e tem necessidade de renovar as suas argumentações e por vezes, mudar mesmo de meta. A noção de racismo deve ser usada de forma delicada, classificando sob a sua rubrica todas as espécies de comportamento de desigualdade. Esta batalha, que é como uma guerra de corrosão, é sem dúvida o mais árduo de todos os combates em favor dos direitos do Homem.”.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Racismo afinal 1

O racismo mais boçal e conhecido, o que baseia a sua argumentação em questões físicas como a cor da pele, é um fenómeno recente em termos históricos, coincidindo o seu aparecimento, grosso modo, com a vitória das teorias abolicionistas no Sec. XIX.
De facto, até esta altura e desde a antiguidade, as diferenças eram de condição e estabeleciam a discriminação entre grupos de acordo com critérios não-rácicos: nobreza/povo, livre/escravo, fiel/infiel, rico/pobre.

Só em 1854, com Gobineau, e depois em 1899 com Chamberlain, se teorizou finalmente a questão da superioridade da raça ariana sobre todas as ditas inferiores e degeneradas. Estas teorias, desenvolvidas na prática por Adolf Hitler e outros teóricos da superioridade da raça germânica, deram origem, além da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto a regimes como o do apartheid Sul-Africano, vergonha que haveria de manter-se até 1994.

Hoje, se é verdade que, em quase todos os países civilizados existe legislação anti-racista apertada, não é menos verdade que a prática continua a ser de uma vergonhosa discriminação no que respeita a oportunidades de acesso a educação, habitação, emprego, etc. e a uma guetização das minorias em desolados bairros periféricos, “barris de pólvora” que, mais tarde ou mais cedo, explodirão na cara de quem os formou.

Quanto a nós, brancos, civilizados e profundamente anti-racistas, vamos dormindo calmamente após as últimas notícias das escaramuças nos bairros “problemáticos”, afinal contentes quando a ASAE, que intimamente detestamos, descobre umas baratas na cozinha de um restaurante chinês ou apreende umas Lacostes contrafeitas numa feira de ciganos.
Antes, numa voltinha pela Net, recebemos e reenviámos aos nossos contactos, algum “aviso” chocante como este, que quase toda a gente recebeu, o dos ratos que seriam servidos nos restaurantes chineses, como frango!

É que, agora, já não se pode gritar um qualquer “morte à escumalha amarela”, até dá prisão! Não, agora o racismo ataca suave, com um sorriso, insidioso, buscando o que em cada um de nós há de mais primário, despertando emoções e preconceito.

No Sudoeste Asiático, os ratos do campo fazem parte da dieta de todos os dias, sendo até considerados iguaria.

Com fotos retiradas de um site de promoção turística tailandesa e uma legendagem habilidosa, faz-se um ataque subliminar à comunidade chinesa em Portugal, contando com a credulidade de quem o vê e, chocado, o difunde.


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Luís Pontes