terça-feira, 22 de novembro de 2011

GREVE GERAL? SE PUDER, NÃO FAÇO!!!

          
          A greve nasceu e existe para, em última análise, servir os trabalhadores contra quem os explora, normalmente os patrões. É a única forma de punição do patronato, atingindo-o naquilo que lhe é mais caro, as mais-valias do trabalho, ou, mais terra-a-terra, indo ao bolso do patrão, deixando-o mais pobre!
O direito à greve é algo de inquestionável e inalienável, até porque dolorosamente conquistado com sangue, suor e lágrimas.
Mas se o direito a fazê-la não se questiona, já os motivos que levam que menos de 15% dos portugueses se arroguem o direito de fazer parar os outros 85%, nomeadamente recusando os mais elementares serviços mínimos no sector dos transportes e assim coagindo quem quer trabalhar a não o poder fazer por falta de mobilidade, são realmente questionáveis. Como questionável é o facto que toda a gente se acobarde perante sindicatos que em vez de defenderem quem trabalha, estão hoje transformados em “braço armado” de minorias políticas e que tentam esconder que o Estado somos afinal todos nós, que esta é uma greve sem alvo, é uma greve contra a política escolhida ainda em Junho pela maioria absoluta dos eleitores,  é uma greve que, ao ser contra o Estado é também contra nós próprios, é um (mais um) tiro no pé de quem a faz e de todos os portugueses, que ficaremos ainda um pouco mais pobres, trabalhadores, patrões, precários, desempregados, todos.
Todos? Talvez não! Mais “ricos” ficam aqueles que, certos da superioridade moral das suas opiniões e escolhas, inconsoláveis da escolha que os portugueses fizeram, vão tentando piorar o que já é mau, tentando através do exercício de um direito (de resto não reconhecido nos países em que se pratica ou praticou a “democracia” deles), a instalação de um estado de pobreza e caos onde possam de novo medrar.

Infelizmente, e porque os meus clientes (e ganha-pão) são todos da maltratada e arruinada classe média, acontece que eu vou fazendo "greve" forçada, hoje, como já foi ontem e a maioria dos dias.
Se, na 5ª feira, eu tiver a sorte de, por acaso, poder fazer greve (porque arranjei algum trabalho), garanto que NÃO  FAÇO!!!

1 comentário:

Maria J Lourinho disse...

Como te entendo, Luis. E partilho tanto do que dizes. Mas, se eles, os que trabalham para o estado e são, de facto, os únicos que podem fazer greve, não a fizerem, o que faremos? manifestações? Como diremos a esta gentinha que não estamos satisfeitos? Ficamos parados como mortos e parvos como lá dizia o Van Zeller? Esse silêncio terá o significado de anuência e eles carregarão em nós um pouco mais. Que a gente possa exercer o pouco que nos resta duma duma democracia cada vez mais pseudodemocracia. Muitos problemas de resposta muito difícil